Durante um grande período da minha juventude as folhas de papel em branco eram as minhas consuladoras e ouvintes.
Às vezes é bom recordar e hoje, fui reler alguns poemas que escrevi no passado.
Deixo-vos um dos meus preferidos e espero que ele vos traga tantas memórias como me trouxe a mim.
Estarei sempre aqui
Mesmo que o sol não brilhe;
Que a floresta que te impede de continuar
Seja tão densa que não consigas ultrapassar;
Mesmo que o chão que pisas
Começe a andar para te fazer cair;
Mesmo que acordes no meio do nascer do sol
E a única coisa que consigas ver seja terror;
Mesmo quando te afastas
Como se fosses o portador de algo que talvez me mate;
E quando a vida é uma estrada a pique
Que cada vez mais te leva para o fundo;
E que cada onda do mar te diga um não;
E cada gaivota o venha confirmar;
Mesmo que as montanhas se tornem monstros
Que assustam os teus pensamentos;
E num prado verde a primeira coisa que te lembras
são os amores que ali um dia se desfizeram;
Mesmo que cada dia seja mais uma ferida;
Mesmo que tudo de mal te aconteça…
Eu estarei aqui,
Como se fosse o solo que acalma a nuvem
E cessa o seu chorar.
Eu estarei sempre aqui…
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